terça-feira, 17 de maio de 2011

Cadê o pecado que estava aqui?







Nos últimos dias uma pergunta irritante tem me perseguido: o que aconteceu com o pecado?
Ou o povo anda muito santo... ou foi o pecado que fez as malas e foi embora! Também, com tanto apóstolo, bispo, herói, mulher maravilha, campeão, vitorioso, vice-Deus... O pecado deve estar com vergonha dos crentes.
Outra pergunta igualmente irritante insiste em me atormentar: se ninguém mais peca, o que fazemos com Cristo? E a cruz? A quem ela confronta? Pra quê, afinal, olhar para o sacrifício da cruz?Aliás, se ninguém mais peca, o que a gente anda fazendo na igreja com aquelas orações todas, aqueles cânticos e aquele livro... a Bíblia (lembra?)
Está se fortalecendo na mentalidade gospel um novo pecado: menos nocivo, menos fedido, menos feio, menos agressivo. Mais light, mais flex, mais clean. Mais dissimulado, mais perigoso, mais nojento, mais anti-Deus. É o ateísmo do coração: "Diz o tolo em seu coração: não há Deus" (Sl. 14). Esse novo pecado é a marca do velho homem.
Essa nova igreja - sem pecado - mas com muito dinheiro, acha que pode comprar o céu, atingir a Majestade nas alturas com seus gritinhos frenéticos de "tome posse!" Uma igreja cheia de gente, mas vazia de Deus. Uma igreja, como disse John Stott numa entrevista recente, "com 5 mil quilômetros de extensão, por 5 centímetros de profundidade". Igreja da facilidade, casa da neurose, ambiente de paixões efêmeras.
Meu amigo leitor desse espaço perigoso: pecado ainda é pecado e só sai pela boca! É confessando - e deixando - que a gente alcança misericórdia (Pv. 28. 13). O pecado ainda fere, arrasa, adultera, desconfigura, bestializa, violenta a pureza. Ainda machuca o coração de Deus. Mas, como o apóstolo Paulo mesmo bradou: "... Mas onde aumentou o pecado, transbordou a graça" (Rm. 5. 20).
Como dizia Lutero: "Não tenho nenhum outro nome: Pecador é meu nome, Pecador é meu sobrenome".

Até mais... pecador
Alan Brizotti, o principal

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma lição na igreja de Éfeso (Ap. 2. 2-4)




Sempre que lemos sobre a Igreja de Éfeso, estamos em contato com a atmosfera abençoada do Primeiro Amor. Aqui há uma forte lição: a Igreja não é lugar para os “profissionais da fé”, é lugar para quem quer desenvolver o Primeiro Amor.
A Igreja de Éfeso era uma Igreja que trabalhava. Uma Igreja que vivia a ética, sabia distinguir entre o certo e o errado. Com habilidade teológica e doutrinária para reconhecer os falsos apóstolos.
Era uma Igreja perseverante, fiel, constante, uma boa Igreja... Entretanto, esqueceu o Primeiro Amor. Ela não tinha abandonado o amor a Cristo, mas tinha abandonado o Primeiro Amor.
Era uma comunidade cristã vivendo como alguns casamentos que já duram vinte, trinta anos. O casal ainda se ama, mas não mais com a mesma intensidade. A Igreja de Éfeso amava a Deus, mas não mais como o amou um dia. O Primeiro Amor é sensível, espontâneo, apaixonado e apaixonante. Corre mais riscos. Preocupa-se mais com o outro. Lança-se completamente ao outro. É menos cínico mais companheiro. Está sempre dando sem pedir nada em troca. É belo, encanta-se com o que é simples. Guarda num corpo pequeno um coração gigante, capaz de abraçar o universo. É generoso e leal. É uma chamada à vida plena. Tudo que esse amor faz é em nome do bem-estar do ser amado.
A Igreja de Éfeso tinha se tornado mais vigorosa; menos espontânea; mais eficiente; menos natural; mais crítica menos generosa, fazia tudo direito, mas não mais movida pelo amor. Precisamos compreender que o ativismo não substitui o amor. Martin Lloyd-Jones disse que “o ativismo é um homem girando em torno de si próprio”.
A grande lição da Igreja de Éfeso é de que precisamos resgatar o Primeiro Amor. Sem ele, nos tornamos frios, idealistas rígidos, matemáticos calculistas, perfeccionistas rasos. Permanecemos cristãos, mas o que nos motiva não é mais o amor, mas os deveres. É preciso resgatar o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Sem amor não há espiritualidade.
“Enquanto a obediência é a justiça em relação a Deus, o amor é a justiça em relação aos outros”. A. Plummer

Até mais...

Alan Brizotti


retirado do blog